A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, assinou nesta quinta-feira (27) a portaria que declara oficialmente emergência ambiental por risco de incêndios florestais no Brasil em 2025 e nos primeiros meses de 2026.
O documento especifica quando cada região vulnerável ao fogo deve enfrentar seca mais intensa, período em que o risco de incêndio é maior. A medida permite a contratação emergencial de brigadistas e facilita a adoção de estratégias de enfrentamento às queimadas, que atingiram patamar recorde no Brasil no ano passado.
Segundo a ministra, a portaria foi feita com base em dados científicos de ponta.
“Com essa informação, os agentes públicos terão de tomar as medidas necessárias para agir em conformidade com o risco que está posto. Muito trabalho, muita ciência, muita reunião, todo um processo de reestruturação do sistema de enfrentamento a essas emergências climáticas”, afirmou durante entrevista coletiva em Brasília nesta quinta.
Para Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a identificação dos períodos críticos por região fortalece a estratégia de combate. “Assim, temos mais clareza do esforço e da movimentação dos brigadistas nas diferentes áreas durante o ano”, afirmou.
Segundo o governo, neste ano o combate ao fogo vai envolver 4.608 profissionais —serão 4.358 brigadistas e 250 servidores efetivos. O número é 25% maior do que o do ano passado.
Os brigadistas estarão divididos em 231 brigadas florestais federais —116 do Ibama e 115 do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
A estrutura de prevenção e combate ao fogo do governo federal em 2025 prevê ainda 15 helicópteros, 2 aviões de transporte, 10 aviões para lançamento de água, 340 camionetas operacionais, 199 veículos especializados e 50 embarcações.
Segundo o último boletim de combate aos incêndios publicado pelo governo federal em 2024, em outubro do ano passado, 21 aeronaves atuavam no enfrentamento ao fogo na época (5 aviões e 7 helicópteros do Ibama e do ICMBio e 2 aviões e 7 helicópteros das Forças Armadas). Em 2025, o total sobe para 27 aeronaves.
Em 2024, a falta de aviões com a estrutura adequada para lançar água foi considerada um dos principais entraves no combate ao fogo pelos brigadistas em diversos estados do país.
“A gente domina técnicas de combate a incêndios, tem brigadistas, mas nunca teve uma frota de aeronaves, uma estrutura”, disse Agostinho à Folha em 2024. “O Brasil tem uma das coisas mais legais do mundo, que é a esquadrilha da fumaça, mas não tem uma esquadrilha contra o fogo.”
Em 2024, as queimadas atingiram aproximadamente 30,9 milhões de hectares, segundo dados da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas, rede colaborativa coordenada pelo Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) que monitora o uso da terra no país. O número foi 79% maior do que o de 2023.
O pantanal, bioma que tem sofrido com extensas queimadas nos últimos anos, teve 17% da área total incendiada em 2024, de acordo com dados do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O recorde de fogo em 2024 contrastou com as promessas do governo Lula (PT) para a área ambiental. A gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima assumiu com o compromisso de reverter os danos ambientais do governo Bolsonaro (PL).
O desmatamento caiu nos últimos dois anos, mas os incêndios dispararam. A pasta ambiental atribui o resultado ruim à questão climática —o país enfrentou em 2024 a maior seca em 70 anos— e à ação de criminosos que usam o fogo para desmatar e invadir áreas de floresta.
Veja abaixo as regiões com maior risco de fogo por período para o ano de 2025 e início de 2026.
Fevereiro de 2025 a setembro de 2025
Fevereiro de 2025 a agosto de 2025
- Sudoeste do Rio Grande do Sul
Março de 2025 a dezembro de 2025
- Centro-norte, leste e sudoeste de Mato Grosso do Sul
- Centro-Sul, sudeste e sudoeste de Mato Grosso
- Pantanais de Mato Grosso do Sul
Março de 2025 a novembro de 2025
- Cidades do interior de São Paulo (Bauru, Ribeirão Preto e Presidente Prudente)
- Triângulo Mineiro
- Alto Parnaíba
Março de 2025 a outubro de 2025
- No estado de SP: Araçatuba, Araraquara, Assis, Campinas, Marília, região metropolitana de São Paulo, Piracicaba, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba Paulista, Itapetininga
- Central mineira
- Centro-ocidental paranaense
- Centro-ocidental e centro oriental sul-rio-grandense
- Região metropolitana de Porto alegre
- Região metropolitana do Rio de Janeiro
- Noroeste de Minas Gerais
- Norte do Rio de Janeiro
- Oeste de Santa Catarina
- Oeste do Paraná
- Sudeste do Rio Grande do Sul
- Sul do Espírito Santo
- Vale do Itajaí (SC)
Abril de 2025 a janeiro de 2026
- Leste de Rondônia
- Região do Madeira-Guaporé
- Sul do Amazonas
Abril de 2025 a dezembro de 2025
- Centro e sul do Maranhão
- Extremo oeste da Bahia
- Nordeste de Mato Grosso
- Vale do Acre
- Vale do Juruá
Abril de 2025 a novembro de 2025
- Campo das vertentes
- Centro do Espírito Santo
- Centro e sul do Rio de Janeiro
- Centro, leste, noroeste, norte e sul de Goiás
- Centro-oriental, centro-sul, norte central, norte pioneiro, sudeste e sudoeste do Paraná
- Distrito Federal
- Grande Florianópolis
- Litoral sul de São Paulo
- Região metropolitana de Curitiba
- Nordeste do Rio Grande do Sul
- Norte e sul de Santa Catarina
- Norte de Mato Grosso
- Ocidental do Tocantins
- Oeste, sul e sudoeste de Minas Gerais
- Oriental de Tocantins
- Serrana
- Zona da mata
Maio de 2025 a janeiro de 2026
- Centro-sul e centro-norte da Bahia
- Leste do Maranhão
Maio de 2025 a dezembro de 2025
- Baixo Amazonas
- Centro do Amazonas
- Jequitinhonha
- Região metropolitana de Belo Horizonte
- Noroeste do Rio de Janeiro
- Norte de Minas Gerais
- Sudeste e sudoeste do Paraná
- Sudoeste do Piauí
- Vale do Mucuri
- Vale do Rio doce
- Vale do São Francisco (BA)
Maio de 2025 a novembro de 2025
- Litoral norte do ES e noroeste do Espírito Santo
Junho de 2025 a fevereiro de 2026
- Centro-sul, sul e sertões do Ceará
- Jaguaribe
- Sertão da Paraíba
Junho de 2025 a janeiro de 2026
- Centro-norte, norte e sudeste do Piauí
- Nordeste do Pará
- Oeste e norte do Maranhão
- São Francisco (PE)
Junho de 2025 a dezembro de 2025
- Marajó
- Região metropolitana de Belém
- Sudoeste do Amazonas
- Norte do Amapá
Julho de 2025 a fevereiro de 2026
- Oeste do Rio Grande do Norte
- Sertão do Pernambuco
Julho de 2025 a janeiro de 2026
Julho de 2025 a dezembro de 2025
- Região metropolitana de Fortaleza
- Noroeste e norte do Ceará
Agosto de 2025 a Abril de 2026
- Agreste, sertão e leste do Alagoas
- Nordeste da Bahia
Agosto de 2025 a março de 2026
- Leste do Rio Grande do Norte
- Norte do Amazonas
Agosto de 2025 fevereiro de 2026
- Borborema
- Centro do Rio Grande do Norte
Agosto de 2025 a janeiro de 2026
- Agreste do Rio Grande do Norte
- Mata da Paraíba
Setembro de 2025 a abril de 2026
- Agreste e mata do Pernambuco
- Região metropolitana do Recife
- Região metropolitana de Salvador
- Norte e Sul de Roraima
- Sul da Bahia
Setembro de 2025 a fevereiro de 2026
Outubro de 2025 a maio de 2026
- Agreste, leste e sertão do Sergipe