O vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, desembarcou na Groenlândia nesta sexta-feira (28), em um momento em que Donald Trump insiste na ideia de que Washington deve assumir o controle do território autônomo da Dinamarca.
A visita à base militar dos EUA em Pituffik, no norte da ilha ártica, ocorreu poucas horas depois que uma nova e ampla coalizão governamental, que por enquanto pretende manter os laços com a Dinamarca, foi apresentada na capital Nuuk.
O novo primeiro-ministro, Jens-Frederik Nielsen, disse que a visita dos EUA sinalizou uma “falta de respeito” e pediu unidade diante da “pressão externa”. O rei da Dinamarca emitiu uma declaração de apoio nas mídias sociais. “Vivemos em uma realidade alterada. Não deve haver dúvida de que meu amor pela Groenlândia e minha ligação com o povo da Groenlândia estão intactos”, disse o rei Frederik.
Vance afirmou, durante a visita, acreditar que o território está menos seguro agora do que há algumas décadas. “Nosso argumento realmente é com a liderança da Dinamarca, que está subinvestida na Groenlândia e subinvestida em sua arquitetura de segurança. Isso simplesmente precisa mudar. É a política dos Estados Unidos que mudará isso”, afirmou.
O americano disse que considera melhor que a região fique sob a segurança dos EUA e, além disso, afirmou que a Groenlândia fará uma parceria com Washington, acrescentando que o “uso da força não será necessário”, já que, segundo ele, “os groenlandeses escolherão se tornar independentes da Dinamarca” e, por isso, terão conversas com os americanos
A delegação dos EUA também inclui a esposa do vice-presidente, Usha Vance, o conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, e o secretário de Energia, Chris Wright. O plano inicial da viagem era que a esposa de Vance visitasse uma corrida de trenós puxados por cães na ilha junto com Waltz, embora eles não tenham sido convidados pelas autoridades da Groenlândia ou da Dinamarca. Os protestos públicos e a indignação das autoridades locais e da Dinamarca levaram a delegação dos EUA a voar apenas até a base militar, bastante isolada, e a não se encontrar com o público.
Vance cumprimentou os membros das Forças Armadas dos EUA logo após sua chegada, agradecendo-lhes pelo serviço prestado na base remota localizada a 1.200 km ao norte do Círculo Polar Ártico. “O presidente está realmente interessado na segurança do Ártico, como todos vocês sabem, e isso só vai aumentar nas próximas décadas”, disse Vance. “Está muito frio aqui. Ninguém me contou”, acrescentou, provocando risos em sua primeira visita à ilha. A temperatura externa em Pituffik era de -19°C.
De acordo com os termos de um acordo de 1951, os EUA têm o direito de visitar sua base sempre que quiserem, desde que notifiquem a Groenlândia e Copenhague. Pituffik está localizada ao longo da rota mais curta da Europa para a América do Norte e é vital para o sistema de alerta de mísseis balísticos dos EUA.
O vice-presidente deixou evidente a importância que o governo Trump enxerga no território. “Sabemos que a Rússia, a China e outras nações estão tendo um interesse extraordinário nas passagens do Ártico, nas rotas navais do Ártico e nos minerais dos territórios do Ártico. Precisamos garantir que a América esteja liderando no Ártico.”
Trump reiterou seu desejo de assumir o controle da Groenlândia na quarta-feira, dizendo que os EUA precisam da ilha estrategicamente localizada para a segurança nacional e internacional. “Portanto, acho que iremos até onde for necessário. Precisamos da Groenlândia e o mundo precisa que tenhamos a Groenlândia, inclusive a Dinamarca”, disse ele.
A ilha, cuja capital fica mais próxima de Nova York do que de Copenhague, possui riquezas minerais, petróleo e gás natural, mas o desenvolvimento tem sido lento e o setor de mineração tem recebido poucos investimentos dos EUA. As empresas de mineração que operam na Groenlândia são, em sua maioria, australianas, canadenses ou britânicas.
