O governo de Donald Trump suspendeu neste sábado (15) o pagamento da Voz da América (VOA) e de outras emissoras financiadas pelos Estados Unidos, congelando de forma abrupta meios de comunicação considerados fundamentais para combater supostas desinformações produzidas por Rússia e China.
Centenas de repórteres e outros funcionários da VOA, Radio Free Asia, Radio Free Europe, entre outros veículos, receberam um email informando sobre a proibição de acesso aos escritórios e necessidade de entregar os crachás de imprensa, seus telefones corporativos e outros equipamentos.
Trump, que já desmantelou a agência americana de ajuda internacional e o Departamento de Educação, emitiu na sexta (14) um decreto que inclui a Agência de Mídias Globais dos Estados Unidos entre os “elementos da burocracia federal que o presidente determinou como desnecessários”.
Kari Lake, apoiadora de Trump e ex-apresentadora que foi colocada no comando da Agência de Mídias Globais após perder uma candidatura ao Senado, escreveu que o dinheiro dos subsídios federais “já não reflete as prioridades da agência”, em email enviado aos meios de comunicação que ela supervisiona.
O funcionário de imprensa da Casa Branca, Harrison Fields, adotou tom menos diplomático em uma mensagem na plataforma X ao escrever a palavra adeus em 20 idiomas, um sarcasmo em relação à cobertura multilíngue da VOA.
O diretor da Rádio Free Europe/Radio Liberty, que começou a transmitir no bloco soviético durante a Guerra Fria (1947 – 1991), descreveu o cancelamento do financiamento como um “grande presente para os inimigos dos Estados Unidos”.
Os meios de comunicação financiados pelos EUA se reorientaram desde o fim da Guerra Fria, abandonando grande parte da programação direcionada aos novos países democráticos da Europa central e oriental e focando Rússia e China.
A Radio Free Asia, criada em 1996, considera que sua missão é informar em países sem imprensa livre, caso de China, Mianmar, Coreia do Norte e Vietnã.
Os meios de comunicação possuem uma garantia de independência, apesar do financiamento do governo americano.
A política enfureceu algumas pessoas do entorno de Trump, que com frequência ataca os meios de comunicação e já sugeriu que os veículos financiados pelo governo deveriam promover suas políticas.
