Uma funcionalidade que deveria ser usada para a devolução de valores do Pix, como estorno, é a base de um golpe de estelionato. Não nos surpreende, pois criminosos estão sempre ‘criando’ novas formas de tomar dinheiro dos outros. Infelizmente, a sugestão é: não acreditar se alguém lhe disser que fez um Pix por engano, e que espera o estorno. Entre em contato com o gerente de sua conta-corrente antes de fazer qualquer depósito.
Os golpistas realmente depositam o dinheiro na sua conta, mas enquanto esperam que você ‘devolva’ o dinheiro que teria sido depositado por engano, utilizam o MED (Mecanismo Especial de Devolução), criado para facilitar devoluções em caso de…golpes. Sim, os golpistas argumentam terem sido enganados por alguém, e recebem o depósito de volta. E, algumas vezes, também recebem o estorno de alguém que foi logrado por eles.
Como agir quando se multiplicam os golpes digitais, e fazemos cada vez mais transações pela Internet? Desconfiar sempre, exceto quando já conhecermos as pessoas ou instituições, e tivermos boas razões para acreditar nelas.
Os criminosos, geralmente, apelam para dois sentimentos comuns a muitas pessoas: medo ou cobiça. Usam o medo, por exemplo, quando enviam e-mails atribuídos à Receita Federal, referentes a problemas na declaração de IR (Imposto de Renda). Ou ‘advertindo’ que sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) será cancelada, se não clicar em um link e solucionar a pendência. E jogam com a cobiça quando oferecem, por exemplo, preços muito abaixo da média de mercado, ou vantagens que não são oferecidas por aquele segmento econômico.
Para driblar esses golpes, não podemos, de maneira alguma, clicar em links ou abrir arquivos. Sabemos que a Receita Federal não envia links nem arquivos anexados. E que não há milagres econômicos que façam com que um automóvel zero quilômetro custe 20% a menos do que os preços de mercado, sob a alegação de se tratar de um carro utilizado pela montadora para testes automotivos.
Comparar preços e escolher as melhores ofertas é normal e bastante indicado. Mas sem acreditar em negócios fora da realidade.
O caso do Pix reverso, entretanto, não apela para cobiça nem medo. Recorre à honestidade e à empatia de quem não pretenda ficar com um dinheiro que não seja seu. Lamentavelmente, temos de pausar o impulso de devolver o dinheiro, e nos informar bem melhor sobre o caso antes de agir.
Na dúvida, não faça qualquer transação. Ligue para a agência bancária, para o fisco, para a loja citada no golpe, para o amigo que enviou mensagem, estranhamente, solicitando dinheiro por suposta dificuldade. E que, quase sempre, teve o celular clonado ou roubado.
Neste mundo repleto de golpistas e de arapucas, temos de redobrar a atenção e a cautela antes de perder dinheiro que é tão difícil de ganhar. Até os bons valores podem ser usados para nos enganar.
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