A vice-presidente do Equador, Verónica Abad, informou que se deslocou para a Turquia para assumir nesta segunda-feira (17) as funções diplomáticas atribuídas pelo presidente Daniel Noboa, com quem mantém desde 2023 uma forte confrontação que escalou para uma disputa judicial.
Em novo capítulo da briga, Abad afirmou que se apresentou na embaixada equatoriana em Ancara, para onde foi designada após a Justiça reverter, em dezembro, uma sanção administrativa do Ministério do Trabalho contra ela.
“Hoje, com meus próprios recursos, vim para cumprir o decreto presidencial”, disse ela em um vídeo divulgado em sua conta no X.
Abad acrescentou que se deslocou “apesar de todos os inconvenientes” que teve para ocupar seu gabinete em Quito, ao encontrar-se “com a vice-Presidência fechada, militarizada”.
Em fevereiro, Abad tentou entrar em seu escritório no complexo de Carondelet, a sede do Executivo na capital equatoriana, mas encontrou o edifício cercado.
No final desse mesmo mês, uma nova sanção recaiu sobre a vice-presidente, eleita em chapa com Noboa nas eleições antecipadas de 2023.
Um juiz eleitoral suspendeu em primeira instância seus direitos políticos e impôs uma multa de US$ 14 mil após denúncia contra ela por violência de gênero feita pela chanceler, Gabriela Sommerfeld.
Se essa decisão, que foi contestada por Abad, for confirmada, ela não poderá continuar desempenhando o cargo de vice-presidente.
Na Turquia, um escritório foi habilitado para Abad “a fim de que cumpra as funções de conselheira econômica”, segundo o ministério das Relações Exteriores.
Noboa, que busca ser reeleito por mais quatro anos, evitou encarregar a Presidência a Abad durante a campanha eleitoral para o primeiro turno, ocorrido em fevereiro, o que para setores da oposição e especialistas é inconstitucional.
O governante considera que foi um erro tê-la escolhido como parceira de chapa, por isso nas eleições atuais participa com sua ex-ministra María José Pinto como companheira de cédula.
Noboa foi o mais votado em eleição acirrada em fevereiro e disputará o segundo turno presidencial com a esquerdista Luisa González no dia 13 de abril. Ela é aliada do ex-presidente Rafael Correa e também concorreu com Noboa no pleito passado.
Distanciados desde a campanha para as eleições de 2023, a ruptura entre o presidente e sua vice ficou evidente quando Noboa, pouco depois de assumir o poder em novembro daquele ano, ordenou que Abad se mudasse para Israel, onde foi designada como embaixadora.
Alegando descumprimentos nos cargos diplomáticos, o governo tentou suspendê-la, mas Abad empreendeu uma batalha judicial que lhe permitiu recuperar suas funções.
