O ex-dirigente do Banco do Canadá Mark Carney foi formalmente empossado como primeiro-ministro do país nesta sexta-feira (14), o que o coloca em posição de lutar contra as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, que podem devastar a economia canadense dependente do comércio com o vizinho.
Na presença da governadora-geral Mary Simon, representante pessoal do rei Charles 3º, chefe de Estado do Canadá, Carney prestou juramento de posse. Ele reformulou seu gabinete com o objetivo de lidar com Washington e cortou vários cargos ministeriais que herdou de seu antecessor, Justin Trudeau.
O ministro das Finanças, Dominic LeBlanc, vai assumir a pasta de Comércio Internacional e será substituído pelo atual ministro da Inovação, Francois-Philippe Champagne. A chanceler Melanie Joly permanece em seu posto.
“Estamos construindo um governo que atende ao momento. Os canadenses esperam ação —e é isso que esta equipe vai entregar”, disse Carney em uma publicação no X. “Um gabinete menor e experiente que se move mais rápido protege nossa economia e o futuro do Canadá.”
O momento marcou uma ascensão importante para o homem de 59 anos, que se torna o primeiro premiê canadense sem nenhuma experiência política oficial.
Carney planeja viajar para Londres e Paris na semana que vem, disse um diplomata próximo ao governo. O Canadá tem buscado reforçar alianças na Europa enquanto suas relações com os Estados Unidos afundam a níveis históricos.
O novo primeiro-ministro derrotou seus rivais no último domingo em uma corrida para se tornar líder do Partido Liberal no poder. Ele substitui Trudeau, que passou mais de nove anos no cargo.
A ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland, cuja renúncia em dezembro passado desencadeou uma crise que ajudou a expulsar Trudeau, torna-se agora a ministra dos Transportes.
Carney, ex-presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, argumentou com sucesso que sua posição como um outsider com histórico de enfrentamento de crises significa que ele é a melhor pessoa para enfrentar Trump, que falou repetidamente sobre anexar o Canadá aos EUA.
Na quarta-feira, Carney disse aos repórteres que estava pronto para se encontrar com Trump quando “houver respeito pela soberania canadense” —uma referência às reiteradas ameaças do republicano de transformar o Canadá no “51º estado americano”. O canadense também afirmou que manteria tarifas retaliatórias sobre produtos dos EUA até que o vizinho mostrasse respeito. Esforços estão em andamento para marcar uma ligação entre Trump e Carney nos próximos dias, disse a chanceler Joly.
Segundo fontes do partido, o premiê não ficará no cargo por muito tempo, já que Carney deve convocar uma eleição antecipada nas próximas duas semanas. Se ele mudar de ideia, os partidos de oposição dizem que se unirão para derrubar o governo minoritário liberal em um voto de confiança no final de março.
Quando a eleição for convocada, Carney ficará muito limitado em relação ao que poderá fazer politicamente já que a convenção determina que ele não pode tomar decisões importantes ao concorrer a um cargo.
Pesquisas de opinião sugerem que será uma disputa acirrada com os conservadores da oposição oficial, com nenhum dos partidos conquistando assentos suficientes para formar um governo majoritário.
