O Dia do Consumidor, que costuma trazer descontos especiais no comércio, será comemorado neste sábado (15) e é preciso ficar atento para não cair em armadilhas. Golpes virtuais atingiram 24% da população brasileira entre outubro de 2023 e agosto de 2024, segundo o Instituto Datasenado.
QUE ESTRATÉGIAS OS GOLPISTAS MAIS USAM?
Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da ESET Brasil, empresa de segurança da informação, afirma que as principais estratégias vistas em datas comemorativas costumam ser voltadas para engenharia social, ou seja, por técnicas de manipulação. “Os golpes podem ser mais voltados para a coleta de recurso, para obter informações do usuário, ou para propagar ameaças digitais”, diz.
Os golpistas buscam vítimas de forma ativa, ou seja, mandam mensagens, criam sites falsos ou impulsionam postagens nas redes sociais. Já o consumidor é abordado sem ter solicitado o serviço ou produto oferecido.
O especialista ainda faz alerta de que não é mais tão óbvia a comunicação usada nos golpes, com erros de português e linguagem exagerada. “A inteligência artificial modificou essa abordagem. O principal ponto de atenção são coisas muito discrepantes da realidade, como ofertas grandiosas, a necessidade de realizar algum tipo de procedimento, como baixar um aplicativo, e abordagem passiva, não solicitada.”
“O consumidor deve ficar atento ao endereço que acessa, se é a URL desejada. Às vezes, o layout do site pode parecer legítimo, mas o endereço é diferente do oficial.”
QUAIS SÃO OS GOLPES MAIS COMUNS DO DIA DO CONSUMIDOR?
Uma das estratégias é o falso prêmio. Nela, o usuário recebe uma mensagem por WhatsApp ou SMS, com a informação de que ganhou um produto de determinada loja e precisa seguir alguns passos para ter acesso a ele.
Essa fraude é comum em datas comemorativas no geral, como aniversário, Natal e Dia das Mulheres. “A mensagem, provavelmente vinda de um amigo ou familiar desavisado, costuma conter um link curto que levará a vítima para um site falso com intuito de roubo financeiro”, afirma Fabio Assolini, diretor da equipe de pesquisa e análise da Kaspersky, empresa de cibersegurança.
Outro golpe muito usado é o de sites falsos, que replicam lojas reais e oferecem grandes promoções para atrair o consumidor. “Eles seguem o modelo de levar a um endereço online falso que pede alguma forma de pagamento para a compra –cartão de crédito ou Pix“, afirma.
COMO O CONSUMIDOR PODE EVITAR O GOLPE?
Para Patrícia Alvares Dias, diretora de assuntos jurídicos do Procon-SP (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo), é fundamental que o consumidor pesquise sobre quem está ofertando o serviço ou produto que quer comprar. “Não só sobre questões de preços, formas de pagamento, mas sobre a idoneidade do fornecedor.”
“No site do Procon, por exemplo, temos uma lista de sites que o consumidor deve evitar, porque têm um histórico de reclamações.”
“O consumidor também deve verificar se há meios de comunicação suficientes no site da loja, como email, telefone e endereço físico”, diz Patrícia. “Se não há serviço de atendimento ao consumidor para dúvidas ou informações básicas, imagine se ele tiver um problema que precisa resolver.”
Entrar em contato com outros consumidores para ver se existem informações de referência também é um fator importante. “Ficar atento, principalmente, nas vendas por redes sociais, se tem contato, se tem reclamações. Se for uma pessoa física, ficar atento se ele faz as entregas. A rede social atrai consumidores por oferecer valores muito baixos, mas esse é um grande fator de risco para golpes.”
Outro alerta da especialista é se o pagamento é restrito via Pix, pois não há rastreabilidade. “Se é um fornecedor consolidado, ele vai ter outras formas de pagamento”, diz. Caso o pagamento seja por boleto, é importante verificar se os dados do destinatário são os mesmos do fornecedor.
O QUE FAZER AO PERCEBER QUE CAIU EM UM GOLPE?
“O consumidor, enquanto realiza a transação, precisa printar a tela, guardar todas as documentações, porque tudo ali é prova”, afirma a diretora do Procon. “Se ele percebeu que caiu em um golpe, deve utilizar todas as informações para registrar um boletim de ocorrência, que é o principal ponto.”
O consumidor também pode tentar acionar o Procon, caso o órgão atenda a região da ocorrência, e, dependendo da situação, ele deve abrir uma ação judicial.
