O maior iceberg do mundo parece ter encalhado a mais de 70 quilômetros da Ilha Geórgia do Sul, um refúgio vital para a vida selvagem, anunciou nesta terça-feira (4) o grupo de pesquisadores encarregado de monitorá-lo.
O bloco, conhecido como A23a, com uma área de 3.300 quilômetros quadrados —duas vezes a área da cidade de São Paulo— e peso de quase um bilhão de toneladas, estava se dirigindo desde dezembro para o norte da Antártida, impulsionado por poderosas correntes oceânicas.
Isso gerou temores de que pudesse colidir ou encalhar em águas mais rasas perto da ilha, o que poderia interromper o suprimento de alimentos para pinguins bebês e focas.
O iceberg está preso a 73 quilômetros da ilha desde 1º de março, de acordo com o grupo British Antarctic Survey.
“Se o iceberg continuar encalhado, esperamos que não afete significativamente a vida selvagem local”, afirmou o oceanógrafo Andrew Meijers, responsável pelo monitoramento por satélite do A23.
“Nas últimas décadas, os inúmeros icebergs que seguiram essa rota pelo oceano antártico se fragmentaram, se dispersaram e acabaram derretendo rapidamente”, acrescentou ele.
“No entanto, à medida que o iceberg se quebra em pedaços menores, as operações de pesca na região se tornam mais difíceis ou potencialmente perigosas.”
O A23a é o maior e mais antigo iceberg do mundo. Ele se desprendeu da plataforma de gelo da Antártida em 1986.
Permaneceu preso por mais de 30 anos antes de finalmente se libertar. Sua lenta jornada rumo ao norte foi atrasada pelas forças oceânicas, fazendo com que ele se virasse sobre si mesmo.
As primeiras imagens de satélite mostravam que ela estava se movendo como um único bloco. Mas em janeiro, um pedaço de 19 quilômetros se soltou.
A principal preocupação era que o iceberg encalhasse muito perto da Geórgia do Sul, o que poderia forçar os pinguins e leões-marinhos a percorrer distâncias maiores para atravessar o enorme bloco de gelo e chegar às suas áreas de alimentação.
Porém, se o A23a permanecer onde está hoje, poderá ser uma bênção para os animais.
“Os nutrientes gerados pelo encalhe [do iceberg] e seu derretimento podem aumentar a disponibilidade de alimentos para todo o ecossistema regional”, afirmou Meijers.
O iceberg não representa ameaça às atividades humanas, pois é tão grande que os navios podem evitá-lo facilmente.
Entretanto, à medida que se fragmenta, algumas áreas podem se tornar impraticáveis para embarcações pesqueiras “por causa dos muitos pedaços pequenos de iceberg, que tendem a ser mais perigosos” do que os maiores.